domingo, 11 de janeiro de 2015

Reforma da Gávea Pode Ser um Desastre para a Cidade

Nos últimos meses de 2014, o Flamengo anunciou seu projeto de "Revitalização da Gávea". O projeto é há muito tempo aguardando pela torcida rubro-negra, pelos atletas olímpicos e pelos sócios. No entanto, o que foi apresentado pode ser tornar um desastre para todos. Entenda:


Esportes Aquáticos

Com atraso em relação ao Botafogo e ao Fluminense, o Flamengo vai finalmente reformar sua piscina olímpica número 1. Construída em 1965, ela é rasa e ultrapassada para os padrões atuais. Ela beneficiará apenas os atletas de Natação, já que o Nado Sincronizado e o Polo Aquático treinam na piscina olímpica número 2, sem previsão de reforma. A empresa contratada foi a Myrtha Pools.


Arena McDonald´s

O Flamengo pediu autorização à prefeitura e a todos os seus órgãos autorização para construir um grande ginásio para 4 mil pessoas. O ginásio passaria a ser o principal da Gávea e abrigaria as principais partidas de Basquetebol, Futsal e Voleibol. Na estrutura a ser construída um grande McDonald´s drive through será construído. Tal projeto não prevê nenhuma garagem ou estacionamento. A auto-estrada Lagoa-Barra que já é confusa e engarrafada no dia-a-dia não precisa de mais este impacto em seu fluxo. Há outros problemas: o espelho d´água da Lagoa Rodrigo de Freitas é tombado e nada pode atrapalhar sua vista. Dentro do clube, os impactos serão brutais para os sócios: será o fim do parque infantil, que tem brinquedos, sombra e árvores centenárias, que serão derrubadas. O departamento de Tênis também perderá quadras.


Ginásio 2

A Arena McDonald´s receberá as principais partidas do Flamengo mas será primordialmente a casa do Basquete. O clube deseja construir um segundo ginásio com a mesma capacidade de público para ser a casa do Futsal.


Outros Ginásios

Se todos os projetos do Flamengo saírem do papel, o Ginásio Hélio Maurício passará a ser a casa do Voleibol. O Ginásio Cláudio Coutinho continuará a ser da Ginástica Artística. O Ginásio Togo Renan Soares será demolido para que um grande estádio de futebol seja construído na Gávea. Onde hoje estão as quadras descobertas (que já foram da Patinação, do Hóquei, do Handebol, etc) será construído um ginásio de lutas. Os acanhados departamentos de Jiu-Jitsu e Judô seriam transferidos para este ginásio, que passaria a ganhar outras modalidades, como o MMA.


Estádio de Futebol

Está nos planos do clube ampliar o atual Estádio José Bastos Padilha para 20 mil pessoas e receber partidas oficiais ali. A pista de Atletismo não seria reconstruída e no lugar do anatigo estande de Tiro seriam construídas arquibancadas.


Tênis

O Tênis ficaria sem espaço na Gávea e a modalidade seria desativada.


Remo e Canoagem

O Remo já ganhou novas instalações e nova academia. O Flamengo dispensou seus canoístas mas tem projeto aprovado em leis de incentivo para construir seu departamento de Canoagem onde está o Remo.


Esportes Olímpicos

Tradicionais esportes olímpicos do Flamengo, como Atletismo, Esgrima, Tiro, Boxe, Patinação Artística, etc, ficariam definitivamente sepultados e o clube limitado às modalidades acima.

Para o bem da cidade, se o Flamengo quiser realmente ir em frente com estes projetos, precisa pensar em grandes estacionamentos e mesmo assim, dificilmente a área residencial da Zona Sul vai comportá-los. Não seria melhor arrendar as arenas que serão construídas para as Olimpíadas?

2 comentários:

alunar disse...

Permita-me discordar da ideia de catastrofe para o Rio, com a implementação da reforma da Gavea como rubro-negro, como arquiteto e urbanista e como carioca.

Não ha nada que impeça uma revisão do projeto numa segunda fase, quanto à modernização da piscina 2.

Sou contra o drive-thru da lanchonete, mas tratando-se de uma contrapartida com o financiador da arena, acho fundamental mencionar que o projeto considera as três estações de metrô previstas para o entorno, que distam cerca de 300m do local. Nos moldes do urbanismo atual, não se recomenda o incentivo ao uso do carro, no caso com grandes estacionamentos. Uma prova é o caso do Engenhão que em dia de casa cheia apresenta sérios problemas principalmente com a saida dos carros ao final de partidas, complicando o deslocamento do cidadão nas imediações do estadio. A Gavea então, além das três estações de metrô ainda contaria com inumeras linhas de ônibus no seu entorno imediato.

De uma maneira geral, quanto aos demais esportes, olimpicos ou não, é claro que gostaria de ver o investimento em tudo o que fosse possivel, mas o modelo que tanto se almeja, de clube-empresa, não comporta tantas modalidades, visto que interessa o que tem retorno financeiro ou publicitario da marca Flamengo. Hoje temos um time de futebol que indiscutivelmente tem potencial para colocar o clube entre os grandes mundiais e, da mesma forma, temos basquete e volei com forte potencial nacional e olimpico. O Flamengo apostou ao meu ver errado no futebol americano, quando a tendência mundial é o rugby, que poderia utilizar o mesmo estadio do projeto. Chega de clube deficitario! Outros esportes acima dessa discussão seriam o remo e a canoagem, que são parte essencial da historia do clube. Os demais esportes olimpicos poderiam entrar numa negociação com a prefeitura para dar uso aos equipamentos previstos para os jogos de 2016.

Arrendar arenas, pode ser, como disse, para os demais esportes olimpicos, mas um estadio de futebol precisa de infraestrutura suficiente para dar vazão à ida e a vinda de torcedores. O atual local das arenas olimpicas, arredores da Barra da Tijuca, apresenta um acesso complicadissimo para uma operação tão pesada quanto a necessaria para a torcida do Flamengo. Afinal, os BRTs ja trabalham perto do limite em dias de deslocamento ordinario. E um estadio com o gabarito menor do que o do Lagoon, que é colado à Lagoa, não causaria maior impacto no seu espelho d'agua. O que falta é vontade politica apenas. Se o Iphan permitiu o Lagoon e destombou o Maracanã para que fosse modificado, tomaria como birra qualquer tentativa de se bloquear este processo.

Uma operação para dias de jogos na Gavea, com ônibus e metrôs seria perfeitamente viavel. Melhor até que Maracanã ou Engenhão.

Esporte Rio disse...

Discordo dos dois pontos. As estações de metrô não são próximas se compararmos por exemplo a Estação Maracanã do Maracanã. Elas são longe. Num dia de chuva ou de sol forte, o torcedor vai sentir. Fora isso, você sugere levar milhares de ônibus para a Lagoa Barra e o pacato bairro do Leblon? Ninguém vai de carro? O Flamengo pode perfeitamente ali construir um estacionamento para uns 2 ou 3 mil veículos se o estádio for pequeno. Basta fazer garagens subterrâneas.

No segundo quesito, dos esportes olímpicos, o Pinheiros, entre outros, consegue ser auto-sustentável em mais de 30 modalidades. Como o Flamengo não consegue com seus milhares de torcedores?

O Futebol Americano nem pertence ao Flamengo. O Flamengo que arrenda o time de uma empresa privada, assim como o Futebol de Sete e outros.